‘Governo
Federal: Ordem e Progresso’ será o slogan de Temer
Estadão Conteúdo
Definido na véspera de o vice-presidente da República, Michel Temer
(PMDB), assumir nesta quinta-feira, 12 a presidência, o slogan do novo governo
será “Governo Federal: Ordem e Progresso”.
Segundo o marqueteiro Elsinho Mouco, um dos responsáveis pela criação do
novo conceito, a ideia é ter uma mensagem “forte, concisa e atual”. Ele passou
parte do dia desta quarta-feira, 11, reunido com a equipe de Temer para fechar
os últimos acertos sobre o planejamento da imagem do novo governo.
“Recuperar o País da desorganização política, econômica e social e
retomar o crescimento econômico, é a tradução do conceito de Ordem e Progresso.
A ideia era criar algo forte, conciso e atual. Acho que conseguimos”, afirmou
Mouco ao jornal O Estado de S. Paulo.
O novo lema vai substituir o “O Brasil: Pátria Educadora” criado pelo
governo Dilma Rousseff (PT) no início do segundo mandato da petista.
A imagem criada para o novo slogan coloca em destaque a esfera celeste
da bandeira do Brasil com a frase “Ordem e Progresso” e, ao fundo, em branco a
palavra “Brasil” e a expressão “governo federal”.
Pronunciamento
Após ser notificado sobre a decisão de afastamento da presidente Dilma,
o vice-presidente realizará um pronunciamento na tarde desta quinta-feira no
Palácio do Planalto.
Em meio à correria dos preparativos para assumir o comando do País e das
negociações com integrantes da futura base aliada, Temer falou ao jornal O
Estado de S. Paulo sobre o seu primeiro discurso como presidente. “Vai ser a
pacificação e unidade do País, além do crescimento da economia. Vamos tomar
medidas para isso”, disse.
Questionado se também anunciará nesta quinta-feira as propostas que o
novo governo pretende tomar na área econômica, Temer respondeu: “Vamos usar
essa frase genérica, as medidas virão depois”.
Segundo ele, por outro lado, a nova equipe ministerial deverá ser
apresentada durante o pronunciamento. “O ministério anuncio amanhã
(quinta-feira)”, afirmou Temer.
Wall Street
vê Temer com otimismo e aprova equipe econômica
Estadão Conteúdo
Os investidores e analistas em Wall Street veem um governo de Michel
Temer com alívio, mas também com cautela. A expectativa é que o presidente em
exercício tome medidas econômicas amigáveis ao mercado e os nomes da equipe
econômica agradaram. Os analistas, porém, alertam para os riscos das
investigações da Operação Lava Jato envolver mais políticos em Brasília, o que
pode dificultar a governabilidade, e de uma oposição barulhenta do PT.
O processo de impeachment de Dilma Rousseff tem tido ampla repercussão
nos Estados Unidos, com matérias regulares nas principais redes de TV e nos
dois maiores jornais do país, o The New York Times e o The Wall Street Journal.
O Brasil é um dos principais destinos para aplicações de recursos dos
investidores dos EUA em países emergentes e o mercado vem acompanhando o
processo com atenção.
Os dados mais recentes do Instituto Internacional de Finanças (IIF),
instituição com sede em Washington formada pelos maiores bancos do mundo,
mostram que o apetite dos investidores pelo Brasil aumentou nas últimas
semanas, na expectativa de que a saída de Dilma leve o Brasil a conseguir
ajustar a economia e impedir novos rebaixamentos do rating soberano. A recessão
foi exacerbada pelos problemas políticos e o investidor global se animou com a
perspectiva de mudança de regime, avalia o economista do Scotiabank, Pablo
Bréard.
O gestor da Janus Capital, Dan Raghoonundon, disse estar mais otimista
com Temer do que jamais esteve com a gestão Dilma. Ele acredita que o
peemedebista conseguirá avanços com um ajuste fiscal, principalmente porque a
gravidade da deterioração das contas públicas demanda uma ação rápida. “Os
próximos 100 dias do governo serão críticos”, disse ao Broadcast, serviço em
tempo real da Agência Estado, destacando que Temer tem dado declarações em que
mostra compreender a gravidade da situação do país. “Temer tem mostrado
entender que o excessivo gasto público e os déficits são parte do problema, não
dá solução, como alguns membros do governo Dilma acreditavam.”
Para o economista-chefe do PNC Financial Services Group, Stuart Hoffman,
a expectativa é que o governo Temer comece já com medidas de ajuste fiscal, em
uma tentativa de corrigir a trajetória de piora de um dos principais
indicadores de solvência do país, o que mede a relação entre a dívida bruta e o
Produto Interno Bruto (PIB), previsto para chegar a 80% em 2017. Mas Hoffman
também alerta para “substanciais riscos políticos” no país, mesmo com a saída
de Dilma.
“Com planos para reduzir o gasto do governo e fazer mudanças na
previdência e outras reformas, o governo de Temer pode ser o que o Brasil
precisa neste momento”, afirma o economista-chefe da Northern Trust, Carl
Tannenbaum. “O Brasil precisa mais do que nunca de reformas”, completa, mas
alertando para o risco de que o próprio Temer pode ser alvo de investigações da
Lava Jato, caindo na “mesma teia” que prendeu outros políticos envolvidos no
governo de Dilma.
A Operação Lava Jato, aliás, é apontada pela consultoria de risco
político Eurasia e também por vários economistas e agências de rating como uma
das maiores ameaças ao governo de Michel Temer. Na avaliação da Eurasia, o
avanço das investigações pode inclusive implicar o peemedebista, além de mais
membros de seu partido, dificultando a governabilidade e trazendo mais
incertezas. Para a diretora da Fitch Ratings, Shelly Shetty, a Lava Jato traz
riscos imprevisíveis para a política e a economia brasileira nos próximos
meses.
Se a Lava Jato preocupa, a provável equipe econômica de Temer, como
Henrique Meirelles na Fazenda, e o economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, no
Banco Central, agrada os analistas. O banco de investimento Brown Brothers
Harriman (BBH) aponta que Meirelles tem “respeito do mercado” e Shelly, da
Fitch, destaca que são nomes com experiência e que uma equipe econômica forte é
essencial para se conseguir uma coalização no Congresso e aprovar medidas,
algumas impopulares, para o ajuste fiscal. “Fiquei bastante animado com a
equipe sinalizada até agora”, diz Raghoonundon, da Janus.
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